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“A portrait of my daughter, once a week, every week, in 2015.”

Devagar… e ainda com aquela sensação de início, de limbo… que nos faz sentir com um pé na nostalgia e outro na vontade de seguir em frente.
Assim se têm passado estes primeiros dias do ano.

Na segunda semana foi tempo de festejar a chegada dos Reis Magos. Fizeram-se coroas na escola e ensaiaram-se canções.
Na 6ª feira saíram à rua para cantar as Janeiras (ou os Reis), coisa que por cá não se vê muito, mas que gostei que tivesses participado. Não sou velha do Restelo, mas há tradições que tenho pena que se percam.

Por casa foi tempo de guardarmos o Natal e contámos mais uma vez com a tua ajuda.
Foi o 3º ano em que fizeste parte deste ritual que contigo ganhou outra magia.

No domingo levantámo-nos sem preguiça e levamos-te a conhecer o Castelo de São Jorge.
Já lá não íamos há muito. Aliás, a última vez ainda não tinhas nascido… Devíamos aproveitar mais vezes o privilegio de lá podermos ir a pé e quando nos apetece. E como alfacinha que és, não te podíamos privar por mais tempo desse privilégio :)!

Sentiste o Castelo com entusiasmo, subiste aos canhões, à muralha, espreitaste pelas ameias e apreciaste a vista.
Ainda havia neblina, mas estava uma luminosidade bonita e intensa. A luz da tua cidade!

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Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras, 
Acordar da Rua do Ouro, 
Acordar do Rossio, às portas dos cafés, 
Acordar 
E no meio de tudo a gare, que nunca dorme, 
Como um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono. 

Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar, 
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo 

À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se  
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,  
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo
E (…)

Acordar da cidade de Lisboa / Álvaro de Campos


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